
A população mundial está envelhecendo. Estima-se que, de 1996 a 2025, o percentual de idosos aumentará cerca de 200% nos países em desenvolvimento. No Brasil, o aumento da população idosa segue a tendência mundial. Nos últimos 60 anos, aumentou de 4% para 9%, correspondendo a um acréscimo de 15 milhões de indivíduos. A estimativa para 2025 é de um aumento de mais de 33 milhões, tornando o Brasil o sexto país com maior percentual populacional de idosos no mundo.
Diversos autores demonstraram maior prevalência de incapacidade e dependência funcional em idosos, particularmente do sexo feminino. Estes aspectos estão intimamente associados à redução da massa muscular decorrente do envelhecimento, mesmo em idosos saudáveis.
A sarcopenia foi inicialmente definida como uma perda de massa muscular relacionada à idade. A sarcopenia, derivada das palavras gregas para carne (sarx) e perda (penia), é uma condição de diminuição da massa muscular esquelética que pode levar a um declínio na capacidade física. Definições recentes incorporaram elementos de força e desempenho físico, bem como massa muscular nos critérios de identificação e outras causas além do envelhecimento em sua etiologia.
Existe uma falta de acordo mundial sobre a definição de sarcopenia. Existem três grandes grupos de consenso, e o mais atual deles é uma definição proposta pelo Grupo de Trabalho Europeu sobre Sarcopenia em Idosos (EWGSOP). Eles definiram a sarcopenia como uma síndrome caracterizada pela perda progressiva e generalizada de massa e força muscular esquelética. Eles também sugeriram seu potencial de quedas, fraturas e fragilidade, levando à incapacidade física, má qualidade de vida e aumento da mortalidade
Uma grande disparidade na prevalência de sarcopenia é encontrada na literatura, variando de 1 a 29% entre as diferentes populações estudadas. Essa grande variabilidade pode dever-se à falta de unanimidade nos critérios diagnósticos, nos quais diferentes técnicas foram utilizadas para avaliar a massa muscular, a diferentes etnias, diferentes contextos sociais, culturais e de estilo de vida, além da variação na a idade da população estudada.
Com o avançar da idade, é comum ocorrer declínio de mais de 15% do gasto metabólico basal, que acontece devido à redução de tecido magro, principalmente de células musculares metabolicamente ativas.
A redução da ingestão alimentar, a “anorexia do envelhecimento”, é fator importante no desenvolvimento e progressão da sarcopenia, principalmente quando associada a outras co-morbidades. Múltiplos mecanismos levam à ingestão alimentar reduzida no idoso, tais como perda de apetite, redução do paladar e olfato, saúde oral prejudicada, saciedade precoce (relaxamento reduzido do fundo gástrico, aumento da liberação de colecistocinina em resposta à gordura ingerida, elevação da leptina). Fatores psicossociais, econômicos e medicamentos também estão envolvidos.
A ingestão reduzida de proteínas, de acordo com as DRIs (Dietary Reference Intakes), ocasiona redução da massa e força muscular em mulheres na pós-menopausa e, por conseguinte, discute-se a importância da suplementação protéica e calórica nessa população idosa.
Fonte: Sarcopenia Associada ao Envelhecimento: Aspectos Etiológicos e Opções Terapêuticas ; Recent Issues on Body Composition Imaging for Sarcopenia Evaluation